Painéis da obsessão

Na raiz de todas as enfermidades que sitiam o homem, encontramos, no desequilíbrio dele próprio, a sua causa preponderante.

(…) Em razão da conduta mental, as células são estimuladas ou bombardeadas pelos fluxos dos interesses que lhe apraz, promovendo a saúde ou dando gênese aos desequilíbrios que decorrem da inarmonia, quando essas unidades em estado de mitose degeneram, oferecendo campo às bactérias patológicas que se instalam vencendo os fatores imunológicos, desativados ou enfraquecidos pelas ondas contínuas de mau humor, pessimismo, revolta, ódio, ciúme, lubricidade e viciações de qualquer natureza que se transformam em poderosos agentes de perturbação e do sofrimento.

(…) Problemas de graves mutilações e deficiências, enfermidades irreversíveis surgem como efeitos da culpa guardada no campo da consciência, em forma de arrependimentos tardios pelas ações nefastas antes praticadas.

Neste capítulo, o das culpas, origina-se o fator causal para a injunção obsessiva. Daí, porque, só existem obsidiados, porque há dívidas a resgatar.

A obsessão resulta de um conúbio por afinidade de ambos os parceiros.

(…) No caso específico das obsessões entre encarnados e desencarnados, estes últimos, identificando a irradiação enfermiça do devedor, porque são também infelizes, iniciam o cerco ao adversário do pretérito, através de imagens, mediante as quais fazem-se notados, não necessitando de palavras para serem percebidos, insinuando-se com insistência até estabelecerem o intercâmbio que passam a comandar…

De início, é uma vaga idéia que assoma, depois, que se repete com insistência, até insculpir no receptor o clichê perturbante que dá início ao desajuste grave.

(…) É nessa fase, em que a vítima se rende às idéias infelizes que recebe, a elas se convertendo, que se originam os simultâneos desequilíbrios orgânicos e psíquicos de variada classificação.

(…) Só a radical mudança de comportamento do obsidiado resolve, em definitivo, o problema da obsessão.

(Introdução do livro do mês)